Saturday, July 18, 2009

121.



como nunca recordar o que aconteceu / A OMISSÃO DO CENTRO /

um projecto de Ana Nobre e Luís Felício,
com a participação de Joana Tavares

17 JULHO 09 . 19 H
CCB . Centro Cultural de Belém
Praça do Império . Lisboa


Uma imagem não tem um lugar, ela deriva de todos os lugares. Sem centro.
É a diáfora do sentido.
A imagem: a repetição de um lugar com outro lugar.
A substituição de uma ficção com outra ficção.
O que é que acontece quando (o) nada acontece?
Toda a imagem é a recordação do impossível: uma ficção, uma forma
de mostrar o sentido precisamente através da omissão do seu centro.
Toda a imagem significa dar o lugar às coisas, deslocá-las ou atravessá-las,
dar-lhes outros lugares.
Uma imagem: a possibilidade de pensar o impossível, de pensar o impensável:
toda a imagem é ao mesmo tempo tudo o que deve ser pensado e o que não
pode de facto ser pensado.
A imagem – ficção – como aquilo que não pode ser pensado, porque
é aquilo que permite o ter lugar do pensamento.
O ter lugar do lugar. O pensamento, a imagem, são distância do centro,
são a deslocação do sentido – a vida dos corpos.
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Na ausência do pensamento em acto e da própria acção é certo que algo
acontece. O corpo acontece.
Sabe-se que na ausência do (acto) pensamento como centro das determinações
o real continua a acontecer – exterior ao próprio pensamento o sentido continua
a ter lugar.
O pensamento é também só na condição da omissão do seu centro.
O centro é o que não se pode ver.
O pensamento, o acto, são uma imagem do mundo.
O pensamento só se processa na condição de estar ausente do seu próprio
centro, do seu próprio presente.
_
Onde está o centro do sentido? Qual o centro de onde vem uma imagem?
Pensamento e imagem têm a mesma natureza. Dão-se só na condição
da sua ausência no mesmo momento em que acontecem.
Daí a sua ausência do momento presente, a sua não-presença, que paradoxalmente
é a única forma que ambos têm de conseguir aproximar-se do tempo
presente, desse aqui e agora que sempre nos escapa.
É por isto também uma performance sobre o Tempo, nomeadamente sobre
o que é o presente, o presente acontece?
É possível estar/ser consciente de uma vivência presente?


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