Tuesday, July 14, 2009

118.


fauna fonética
(Ensaio Aberto): Performance Multidisciplinar

marta bernardes & ignacio martinez (Portugal / Espanha)

“Uma voz e um violino procuram-se, buscam no encontro possível os ecos de uma animalidade imanente.

A voz humana e a voz animal , o seu encontro e desajuste, as particularidades da convivência destas no Povo de Nodar são o eixo organizador do projecto tanto ao nível da produção do material audio-visual-performático como no tratamento objectual dos dispositivos escultórico-sonoros inspirados na natureza local: nas suas formas, nos seus materiais. Há um espaço para a improvisação, para a presença e experiência do lugar, do instante. Tendo em conta que é de vozes que tratamos, a herança da poesia experimental, tanto visual como sonora - fonética é de maior importância já que é difícil esquecer aquilo que a voz humana sempre tem a ver com a escrita; aquilo que a voz animal sempre tem que ver com o corpo e a sua secreta evidencia mortal de vitalidade, ou seja, de perenidade.”

Marta Bernardes é uma artista portuguesa baseada em Espanha que trabalha nos domínios da performance e artes visuais e sonoras. Detém o Mestrado em Psicanálise e Filosofia da Cultura pela Faculdade de Filosofia de Madrid. Tem realizado diversos Workshops em Espanha, Portugal, Holanda e Bélgica e apresentado performances em várias galerias portuguesas. Ignacio Martinez é oriundo de Espanha e trabalha nos domínios da música e escultura. É licenciado em Belas Artes pela Universidade Complutense de Madrid e tem apresentado vários projectos musicais e teatrais audiovisuais em Espanha.


In TRÊS OBRAS ARTÍSTICAS EM CONTEXTO ESPECÍFICO
SEGUIDAS DE TERTÚLIA À BEIRA-RIO

Sábado, 18 de Julho 09 - 18h00
Nodar, São Pedro do Sul

(Coordenada Geográfica: 40° 55′ 5″ N, 8° 3′ 36″ W)

+info: http://www.binauralmedia.org/

Também participam:

Ben Owen (EUA)
“Uma Reflexão Circundada: Ressoando Nodar”

“Em ‘Uma Reflexão Circundada’, o meio, os materiais usados para construir esta instalação foram o som e o espaço físico. Uso os meus ouvidos e um gravador para recolher sons variados e transformá-los em algo distinto através da sua combinação num percurso ambiental. ‘Uma Reflexão Circundada’ mapeia um território através de uma instalação onde uma estrutura é interpretativa, onde o som produzido pelo artista é passível de ser descoberto tal como os próprios sons da paisagem. A obra consiste em diversas peças, não processadas e compostas, que contêm tanto sons naturais como electrónicos, os quais são modelados em composições subtis num percurso pela aldeia de Nodar. Gravei sons comuns, como pássaros, abelhas ou cigarras e juntei-os de volta à natureza. Esta ‘música’ é ouvida através de altifalantes invisíveis dentro da paisagem, onde a atenção se dissolve entre o que é criado e colocado pelo artista e a própria paisagem sonora que já existe. Não estou interessado em expressar ideias na forma musical, mas mais na interacção com algo que já existe. Ao explorar a fusão entre os nossos sentidos, convido o público a parar por um momento, a escutar os sons e a pensar de onde provêm e qual o seu lugar no meio ambiente.”

Ben Owen é um artista sonoro oriundo dos EUA. Formou-se em História da Arte e BFA Studio Art (escultura e impressão litográfica) pela Virginia Commonwealth University. O trabalho actual de Ben Owen inclui performances baseadas em partituras visuais, colaborações áudio e vídeo. Os seus estudos sonoros iniciaram-se com cassetes e “live radio” em paralelo com impressão litográfica e projecções de slides. Ben encontra semelhanças complementares entre os ciclos de tintura e de recepção da impressão em superfícies e as marcas sonoras amplificadas por microfones de contacto e por gravações de campo ambientais. Ele interessa-se pela relação entre os aspectos espaciais dos campos sonoros existentes, os ambientes sujeitos a intervenções e a projecção e reflexão da luz.

http://benowen.org/


Luciana Ohira & Sérgio Bonilha (Brasil)
“Experimentos Anfíbios: Instalações Lumino-sonoras à Beira do Paiva”

“Ao conhecermos Nodar, um mundo de coisas silenciosas levantou o pó de nossas enfumaçadas memórias paulistanas, misturando-as a lendárias noites de nevoeiro com antigas figuras subindo os rios de Piratininga, sempre remando as mesmas embarcações de bruma - visões de universos distantes, porém próprios a um mesmo lugar. Assim, respaldados pela ausência de rigor científico, apresentamos aqui nossa singela homenagem ao imensurável véu de água que cobre o suave sono das pedras, negociando infinitamente a passagem do tempo enquanto testemunho da vida ao redor…

Uma aldeia costura o vale (lasers, espelhos e parafina)
sem sair do lugar (talco, componentes electrónicos e gravação de áudio)
onde todos se encontram (gesso, componentes electrónicos e gravação de áudio)”

Luciana Ohira (1983) e Sergio Bonilha (1976), nascidos e envelhecidos na Cidade de São Paulo (Brasil), são licenciados em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo e mestrandos do Programa “Poéticas Visuais” na mesma Universidade. Em conjunto, já apresentaram suas traquitanas em três dos quatro cantos da Terra.