Wednesday, March 18, 2009

91.


obituário: Alvess (1939-2009), vida de artista
17.03.2009 - Óscar Faria

Manuel Nogueira Alves, que se exilou em Paris onde mudou o nome para Alvess, guardou os seus objectos em casa e apenas revelou-os no ano passado.

Foi uma das exposições de 2008, aquela que Alvess, falecido domingo, em Paris, na sequência de um cancro, realizou no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), no Porto. A razão desse sucesso deveu-se sobretudo ao facto de ter sido ali, nesse instante, que a sua obra foi revelada a um público mais alargado. Até aí os trabalhos por si realizados eram praticamente desconhecidos, tendo sido apresentados em mostras colectivas e dispersas no tempo. A descoberta deste nome secreto e singular, como o caracteriza João Fernandes, director do MACS, foi um acontecimento. Pouco tempo antes de morrer, Alvess dizia-lhe: "Fiz 70 anos, tive a minha vida de artista." Uma actividade que, sublinha o também comissário da antológica, não era praticada como uma profissão, mas antes assumida como uma "condição" distante da mundanidade hoje tantas vezes associada ao contexto artístico.

Uma obra assim, fora do mercado, descoberta tardiamente, levanta, desde logo, uma série de questões, como a relacionada com a sua cotação - ao que se sabe, Alvess, artista sem galeria, está apenas representado nos acervos da Gulbenkian e de Serralves, nunca tendo vendido um trabalho a um coleccionador privado. Outros problemas podem ser colocados, nomeadamente de ordem histórica: como ler o percurso de alguém que escolheu guardar os seus objectos em casa e apenas revelá-los numa exposição institucional? É o museu que acaba por legitimar a obra, saltando dessa forma muitas das habituais etapas de um percurso artístico; contudo, neste caso, a opção por um cultivado secretismo, por uma metódica invisibilidade, escolha pessoal inspirada por certos modelos de antiarte - dadá, fluxus -, levou a um prolongado esquecimento. Por esses motivos, este é também um caso bastante distinto daquilo que se passa hoje em dia com a relação cada vez mais próxima entre museu, escola e galeria.

Alvess, nota João Fernandes, usando algumas linguagens dos artistas do seu tempo - recorde-se que foi bolseiro da Gulbenkian, em Paris, cidade onde se exilou -, abordou criticamente quer a pintura, quer a escultura, fazendo-as alvos da irrisão. Essa dimensão caricatural, desconstrutiva, atingia, apesar de uma certa contradição, o próprio museu e, por extensão, o meio da arte. Pode por isso afirmar-se que, de algum modo, Alvess, confrontado com o dilema da inclusão e exclusão característico do sistema artístico, escolheu uma posição de distanciamento, certamente a que melhor lhe convinha para prosseguir com coerência e discrição o seu trabalho. E há uma imagem que nunca o abandonará, a de um certo estilo parisiense, porventura démodé, que incluía sempre chapéu, bigode aparado e uma boquilha para saborear cada cigarro.

Manuel Nogueira Alves - tendo adoptado mais tarde o nome de Alvess para corresponder, não sem ironia, à pronúncia afrancesada do seu apelido, nasceu em Viseu, em 1939. Em Lisboa frequenta o curso de Belas-Artes na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Vai para Paris, em 1963, ali trabalhará numa tipografia, na Delegação do Turismo Português e numa agência de publicidade, podendo ver-se ecos dessas profissões no seu trabalho, nomeadamente as proximidades à linguagem gráfica.

Na capital francesa encontra alguns artistas e críticos portugueses que ficariam sempre atentos à sua obra, como são os casos de Lourdes Castro, Pedro Morais, José Luís Porfírio e José David. Entre as exposições em que participa, destaca-se a VI edição da Bienal de Paris (1969), realizada no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, evento a que regressará dois anos mais tarde, numa aparição selvagem, com a performance As 7 horas de Alvess, na qual corre uma hora por dia durante uma semana nas salas de exposição, "caricaturando a condição do artista como ‘atleta de competição'". O artista chega ainda a integrar, a convite de Ernesto de Sousa, a mostra colectiva Alternativa Zero: Tendências polémicas na Arte Portuguesa Contemporânea (Lisboa, 1977).

A exposição antológica de Serralves, inaugurada há um ano e co-comissariada por João Fernandes e Sandra Guimarães, permitiu descobrir as diversas facetas de um percurso solitário e absolutamente singular, que abarcava inúmeros territórios: pintura, escultura, arte postal, performance, fotografia e desenho. A instituição do Porto conseguiu reunir um importante núcleo de trabalhos para a sua colecção; sabe-se, contudo, que Alvess ainda tinha em seu poder mais de 100 telas, o que volta a colocar de novo o problema do valor comercial do seu trabalho - será agora o mercado a estabelecer as regras? É que, mesmo depois da mostra de Serralves, o artista procurou sempre evitar contactos com galerias e coleccionadores particulares. Autor de uma obra cuja força maior desta se encontra na pintura, nomeadamente a realizada entre meados da década de 60 e o início dos anos 1980, e numa série de papéis datados de 1995, em ambos casos verdadeiramente singulares na sua sobriedade e rigor compositivo, Alvess é um daqueles nomes inesquecíveis, não só por tudo aquilo que fez, mas também pelo facto de nos ter permitido questionar muitas certezas supostamente adquiridas.

Friday, March 13, 2009

90.

call for proposals: 090909 UpStage Festival
http://www.upstage.org.nz

The third UpStage festival of cyberformance (live online performance)
will be held on 090909 (9 September 2009). The call is now open for
performance proposals.

The 090909 Upstage Festival aims to create a participatory space for
collaboration, creation, and for the presentation of current
cyberformance. The festival provides a platform (and shares the
technichal expertise) to enable artists to experiment with the new
medium, and to have their work seen alongside performances by
internationally renowned practitioners - in a celebration of the
evolution and diversity of cyberformance practices.

To submit a proposal, email the following information to
info@upstage.org.nz:

* working title of your cyberformance and 3-4 sentences about it;
* names and locations of people involved;
* brief background/bios (not more than 300 words each);
* preferred time(s), in your local time, for presentation on 090909;
* contact email and postal address.

Performances can be on any theme or topic; the only rules are it must be
no longer than 20.09 minutes, and must be created and performed in
UpStage (for information about past festivals and performances, see
http://www.upstage.org.nz).

The deadline for proposals is *31 May 2009*; selections will be
announced on* 1 July*.


The festival will take place online in UpStage on 090909, with RL ('real
life') access nodes at locations around the world, including Oslo,
Munich, Istanbul and Wellington. If you are interested in hosting a RL
access node, please contact us for further information and technical
requirements.

Participating artists will be listed and acknowledged on the UpStage web
site. We will endeavour to record all the performances and provide
participating artists with copies for documentation, however this is
dependent on volunteer resources (if you can help with this aspect of
the festival, please contact us).

UpStage is an open source venue for web-based performance and is
licensed under the Creative Commons and GPL. All copyright of artworks
remains with the artists; we encourage artists to use Creative Commons
(http://creativecommons.org/).

**Important dates:**

*16-17 March: Match-Making Session*
8am NZ time; find your local time here: http://tinyurl.com/aaun63
Looking for collaborators? Bring your ideas to pitch, or come to join
someone else's proposal.

*late March: Tutorial for those planning to submit a proposal*
(time & date to be announced - let us know if you have a preference)
An opportunity for you to get to know the new features of UpStage and
ask questions of experienced UpStage users about what you are planning
to do in your performance.

* Further matchmaking & walk-thru sessions during April & May*
dates & times to be announced

*31 May: Deadline for proposals*

*1 July: Selection announced*

*9 September: 090909 UpStage Festival*


Any questions, please email info@upstage.org.nz. We look forward to
receiving your proposals!

Helen Varley Jamieson, Vicki Smith and Dan Untitled
090909 Team
http://www.upstage.org.nz

89.

CIANT LAB 2009 Arts Research Residencies

Media artists from the Czech Republic and beyond, are invited to apply for a three-month arts research residency at CIANT LAB in Prague, Czech Republic, between April to end of 2009. The deadline for applications is Friday the 3rd of April 2009.

Artists are offered a media laboratory space, a payment of 1000 EUR per month and access to lab equipment and technical support. The emphasis for this residency is on collaborative research and development in the field of networked/distributed performance. Presently, two positions are on offer: A. Area of 3D modeling (3ds MAX), avatar creation and integration with motion capture systems driven virtual environments, B. Area of interactive sound creation (max/MSP, PD, etc.).

CIANT | International Centre for Art and New Technologies is a non-profit art/science organization with an artist residency, commissions, research, production, promotion, and training programs. CIANT has worked with over 400 artists in the last couple of years supporting interdisciplinary practice, mobility and exchange. CIANT LAB engages with artists and researchers to produce work that challenges use and impact of emerging technologies in arts, culture and society.

Selection criteria: The ability to research, interpret and present innovative ideas. Experience in the field of networked/distributed performance. Experience in public presentation of completed work and its proper documentation. Experience of working on fixed term residencies with deadlines.

To apply please provide the following:

- Project description, Artist Statement and CV
- Supporting materials/documentation of previous work.

Please send your application to: CIANT (Attn: Pavel Sedlak, Vice-Director), Kubelikova 27, 13000 Prague, Czech Republic. Applications via email will be accepted but must have the Subject: "CIANT LAB 2009 Residency Application". For more information about this opportunity and application process please email sedlak@ciant.cz.

DEADLINE: Friday, 3rd of April 2009, 11 PM CET. Selection will take place before the end of March, all applicants will be notified shortly after that.

Equal Opportunities:
CIANT seeks to ensure that no present or potential member of our staff or project participants will be treated less favorably than another on the grounds of age (up to statutory retirement age), class, colour, disability, ethnic origin, gender, marital status, political persuasion or sexual orientation. CIANT LAB premises have limited access. However, we aim to ensure that as many of our activities are as accessible as possible. If you have any particular access needs, please contact us.

Join us also at: http://www.new.facebook.com/group.php?gid=53347391050&ref=ts




Monday, March 9, 2009

88.

click to zoom | clique para ampliar

rita gt
one life event | evento de uma vida

empty cube (curated by | curadoria de joão silvério)
13-03-2009; 21:00h
rua acácio paiva, 27 r/c
1700 lisboa

+info:
emptycube08@gmail.com
www.emptycube.org

Sunday, March 1, 2009

87.



a natureza em abismo | prólogo
um projecto de ana nobre > performance | instalação

Quinta-feira 5 de Março de 2009 > 18H
Rua Diário de Notícias, 59 > Bairro Alto, Lisboa



Segundo Francis Ponge e o seu objogo, as palavras são sinais singulares evocativos das coisas. De acordo com esta assersão, será através do jogo e da multiplicação interior dos seus sentidos que se poderá fazer com que dêem a ver algo da profundidade de todo o real sensível.

Também às imagens se pode aplicar este mesmo método.
As imagens, colocadas em abismo, objogadas, pelas relações criadas entre elas, e pelas relações que criam com o real captado, devem dar a ver as coisas. Representam-se ideias, para tentar chegar às coisas, à sua fisionomia interior, usa-se a alegoria.
O título do projecto declara de resto a intenção: nas imagens, é a mais efémera das coisas, a sombra, coisa transitória, e aqui exemplificada também pelo plano/pano negro, que ao ser fixada, dá a ver.

A Natureza é algo paradoxal. Sendo um processo contínuo, physis, é também aquilo que de mais efémero há.

A sombra, presença constante nestas imagens, exemplifica isso mesmo, o paradoxo, e talvez por isso ela possa ser aqui simultaneamente o que representa e o representado: o instante, neste caso, do acto fotográfico e a própria materialização da Natureza no seu todo.


http://brotundwein.blogspot.com/