Thursday, July 29, 2010

223.


O Poder da Ignorância – Resposta ao Senhor José Pacheco Pereira
Lisboa, 26 de Julho de 2010


Ex.mo Senhor Pacheco Pereira,

Começo por lamentar o desconhecimento das obras que são produzidas pelos artistas portugueses da parte do Senhor "Historiador", "Professor" Universitário e "Político" José Pacheco Pereira. Como o nosso circuito é fechado, como afirma, sabemos bem quem é o nosso público, quem vê os nossos espectáculos, exposições, concertos, e, por isso, sabemos que o Senhor Pacheco Pereira não está incluído na pequena percentagem dos contribuintes que assistem ao nosso trabalho. Apesar de este facto ser admitido pelo Senhor Pacheco Pereira nos seus textos - "Não estou a falar de nada que tenha visto e por isso não é o espectáculo em si que comento, que até pode ser genial, mas da sua apresentação ao público potencial." MAIS EXEMPLOS DE “CULTURALÊS”, Revista Sábado – não impede que seja um triste argumento, sem interesse, e que o torne numa desculpa aceitável, logo pertinente.

Gostaria que soubesse que a arte infelizmente está cada vez mais direccionada para encarnar um papel que não lhe pertence; o da educação. Precisamente porque os artistas, produtores, curadores, programadores, procuram ir ao encontro de um público que nunca existiu e que não irá existir se não houver um trabalho de educação, como em qualquer outra área ou situação. Todos os esforços que se fazem para 'criar' e 'educar' novos públicos, para integrar a 'comunidade' através da arte, castram a liberdade de se criar sem querer ensinar. Sim, porque a arte não é obrigatoriamente didáctica, nem tem que ter esse cunho. Por isso é que há artistas e por isso é que há professores.

O 'comum dos portugueses' pode aprender todas as regras de um jogo de futebol, saber quem são os jogadores, os árbitros, os treinadores, decorarem as cores das camisolas porque isso lhes é ensinado, porque está à sua disposição e porque não exige grande esforço mental. No entanto se o 'comum dos portugueses' quiser aprender medicina ou história, talvez tenha que aprender bastante mais para compreender como se faz uma operação ou como se escreve um livro. Com a arte passa-se o mesmo. Não basta ir ao museu e dizer que não se compreende, não lhe parece Senhor Pacheco Pereira? Talvez se o 'comum dos portugueses' se interessasse por arte e decidisse abrir uns livros que não sejam só os do Picasso e os do Dali que saem numas colecções e que servem para encher a estante, talvez se no sétimo ano uma professora perdesse mais do que uma aula a falar sobre o Da Vinci do que estar a obrigar os alunos a decorar os nomes das colunas Dórica, Jónica e Coríntia, talvez se houvesse um investimento a sério numa educação a sério, o 'comum dos portugueses' pudesse ler mais do que 'A Bola' ou 'O Crime'. Deixe-me dizer-lhe que quando as avaliações que fazem àquilo que produzimos são ignorantes, arrogantes e com falta de humildade, serão, de certo, vulgares e banais.

Parece-me também que se os contribuintes querem "saber onde e com quem gastam" o seu dinheiro devem saber onde encontrar aqueles que contribuem também e que para além disso, criam. Se os contribuintes quiserem comprar um carro, saberão com certeza encontrar um stand de automóveis.
Umas das aspas no seu texto O “CULTURALÊS” E O PODER DA AUTO-CLASSIFICAÇÃO – e posso desde já exprimir a minha tristeza relativamente a estes termos inventados para se verem repetidos pelos jornalistas e aguçar o ego a quem os inventa – enquadram a palavra performance; eu sou performer, ou seja, faço performance. A performance existe, há também livros sobre performance traduzidos para português. Se o meu trabalho lhe é desconhecido é porque certamente não lhe interessa conhecer, ou então porque não abre as páginas das agendas culturais ou então não deve saber navegar na internet. Sou um artista, não sou um político, logo não tenho um cartaz com a minha cara num outdoor, não quero ter discursos paternalistas e corporativos, e não estou à espera que votem em mim. Garanto-lhe que não estarei à espera de alguém que não vê e não conhece e não compreende e que fala com arrogância sobre o que faço para determinar o meu valor.

Repito, sou um artista; não sou uma plataforma, com ou sem aspas, existo, independentemente de ter ou não projecção mediática como todos os outros que o Senhor Pacheco Pereira menciona na sua "crónica". Se apenas conhece o Teatro da Comuna, o Teatro da Cornucópia e os Artistas Unidos é porque não deve sair da Marmeleira, no mínimo, desde os anos 80.

Penso que é caso para se dizer: tanto político, tanto cronista, nós temos por metro quadrado. (Nós quem?) Mas ninguém lhes toca.


Miguel Bonneville



Podem ler-se as "crónicas" do Senhor Pacheco Pereira aqui:

http://abrupto.blogspot.com/2010/07/coisas-da-sabado-o-culturales-e-o-poder.html

http://abrupto.blogspot.com/2010/07/coisas-da-sabado-mais-exemplos-de.html

222.



um volúvel abrigo anânime

Fórum Eugénio de Almeida
Sala Multiusos / 30 e 31 de Julho 2010 / 18H00
Direcção Artística, Produção: Richard Long
Coreografia: Miguel Gomes e Ana Nobre
Performers: Miguel Gomes e Ana Nobre
Som: Andre Birken.

ENTRADA LIVRE


Sinopse
Partindo de uma imagem de Philip Lorca DiCorcia, Storybook Life DeBruce,
1999, onde se toma o corpo como estrutura física, numa analogia à estrutura
arquitectónica, duas pessoas, assumem uma posição até que a sua
intensidade/esforço/duração se torne insuportável.

+ info: +351 92 682 58 80
www.forumea.com.pt

221.


navio vazio
momento (e)
Lançamento da publicação Impossuível
31 de Julho, 2010
18h–20h
Navio Vazio
Rua da Alegria,
134–A, Porto



O ciclo “Impossuível”* realizou-se no Navio Vazio, no Porto, entre os dias 29 de Abril e 8 de Maio de 2010. Um conjunto de artistas, designers, curadores, críticos de arte e de design foram convidados a partilhar com a audiência uma selecção de livros das suas bibliotecas privadas. Os textos aqui reunidos recolhem as reflexões surgidas desses encontros.

* Expressão cunhada por Natália Correia para descrever a poetisa Florbela Espanca.




The “Impossuível”* talks were held at the Navio Vazio, in the city of Porto, between 29 April and 8 May, 2010. A group of artists, designers, curators and art & design critics were invited to share with the public a choice of books from their own private libraries. The texts collected in this book are the reflections that took shape in these encounters.   

* This is a word coined by the Portuguese poet Natália Correia to describe another, Florbela Espanca. The word is a portmanteau that blends the Portuguese words for “impossible” (impossível) and “possessable” (possuível).



Participantes/Participants:
Braço de Ferro
Isabel Duarte (Voca)
José Bártolo
Marco Balesteros
Maria João Macedo (Voca)
Mário Moura
Ricardo Nicolau
Sofia Gonçalves


Navio Vazio é uma extensão da editora Braço de Ferro – arte & design, com coordenadas geográficas fixas e uma área muito limitada. Este espaço, de ocupação temporária, será um local de experimentação editorial a três dimensões. 

www.bfeditora.net
braço de ferro – arte & design
projecto editorial de Isabel Carvalho e Pedro Nora

Monday, July 26, 2010

220.

joana bastos
in VERBO 2010
6ª Edição da Mostra de Performance Arte | 6th Edition of Performance Art
26 - 31 Julho 2010 | 18-22h30 h
26th - 31st July 2010 | 6-10.30 pm
Galeria Vermelho | Rua Minas Gerais 350, SP CEP 01244-010, São Paulo, BR

Friday, July 23, 2010

219.

neosaudade

Lúcia Vicente - Actress
http://www.wix.com/luciamvicente/luciavicente

Márcio Carvalho - Visual artist

 http://marciocarvalhoartwork.blogspot.com/

Roberto afonso - Musician
http://www.myspace.com/tributoninasimone


Tiago Margaça - Visual artist
http://error.creare.pt/


www.hotel25.blogspot.com
Wrangelstrasse 25
10997 Berlin
infohotel25@gmail.com

Tuesday, July 20, 2010

218.

SOON THIRTY
uma performance para festa de aniversário
de yann gibert


“E ninguém saiu nu do bolo”

Na noite do dia 19 para o dia 20 de Junho aconteceu a performance SOON THIRTY.
Esta intervenção interrompia durante 15 minutos uma festa organizada no bar Liverpool em Lisboa, tendo por temática “o futuro já foi, adeus!”, para celebrar do aniversário do performer Yann Gibert.
Às 02h15 da manhã Isabel Simões atravessou a pista de dança na direcção de Yann Gibert carregando um bolo de aniversário (feito de propósito por Rogério Nuno Costa) com 29 velas acendidas. Neste instante a música de dança parou e começou uma banda sonora difundida em baixo volume composta principalmente por sons de fogos de artifícios.
Yann Gibert, que já agarrava há alguns minutos numa mão uma garrafa de champanhe, esperou, muito emocionado, pelo fim da canção “parabéns a você...” cantada pelas pessoas presentes no bar para soprar as velas e abrir a garrafa.
A seguir aconteceu uma distribuição de champanhe e de bolo chocolate/morango durante a qual Yann Gibert contou um facto que aconteceu durante o seu 14º aniversário: a história do seu primeiro beijo.


As pessoas presentes encontraram-se divididas entre prestar atenção à história, comer bolo, beber champanhe, conversar com amigos, cumprimentar o aniversariante... Quando a história acabou a banda sonora desapareceu e a música de dança voltou (“from disco to disco” de Whirlpool Production).
A história contada por Yann Gibert era continuamente interrompida pelas pessoas presentes, das quais muitos eram amigos dele, que mal perceberam que uma performance estava a decorrer. As solicitações deles tinham por assunto a vontade de beijar e dar parabéns ao amigo aniversariante, pedir mais bolo, pedir mais champanhe. Estabeleceu-se uma relação feita de interrupções mútuas dentro de um evento interrompido ele próprio pela performance.
Esta estratégia de interferência frontal com o contexto acolhedor através do convencionalismo da proposta (um aniversário festejado com um bolo e velas acendidas, o volume da música a ser reduzido) teve por consequência levar a comunidade nocturna presente a interagir com afectividade e hedonismo com o performer/aniversariante sem se preocupar com quaisquer formalidades ou atenção especial ao que estava acontecer fora da esfera pessoal de cada um.
Este duplo estatuto artístico/social de Yann Gibert levou àquela situação uma mistura de percepção do acontecimento. Yann Gibert era o amigo performando e o performer a partilhar um momento de intimidade com quem lá estava. Enquanto umas pessoas estavam atentas à historia contada e irritadas pelas manifestações de afectividade que demonstraram outras pessoas em direcção ao Yann Gibert (e às quais Yann dava prioridade) outras banalizaram a ausência de música e o facto de comer sobremesa no meio da noite num lugar exclusivamente devolvido ao consumo de bebidas e à dança.


A performance questionava a dimensão da ficcionalização do lugar social nocturno. Desta problemática emergiu uma manifestação da realidade pessoal do performer sob a forma duma festa na festa, celebrando um aniversário (o do seu primeiro beijo) num aniversário (o da sua nascença). O acontecimento íntimo tornou-se pretexto para um ajuntamento social, com o mesmo título do que o acontecimento festivo ou que o acontecimento artístico.



Banda sonora:
http://soundcloud.com/yg-performance-soundtrack/soon-thirty

fonte: Y.G.

Thursday, July 15, 2010

217.



2ª edição do Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas (MPAC)


Estão abertas as candidaturas para a 2ª edição do Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas (MPAC) na Faculdade de Belas Artes da UP. Na sua apresentação afirmamos: "Mudanças e evoluções aceleradas nas práticas artísticas não foram acompanhadas pela correspondente mutação e actualização das propostas de ensino artístico. A proposta que este curso de mestrado avança é a de se colocar em acerto temporal e conceptual com essas práticas. A nomeação de abrangência pós-medial é, apenas, uma primeira afirmação de territorialidade que quer reivindicar. Aquela que pretende discutir e investigar os processos do fazer saber artístico contemporâneo, a partir das premissas possibilitadas pelo campo expandido". É por aqui que queremos andar e em boa companhia.

Para facilitar essa divulgação, foi criado um site informativo em:

http://mpac.fba.up.pt/

Aí encontrarão a informação básica sobre a sua estrutura curricular e corpo docente, assim como dados relativos à edição anterior (2006/2008)

Lembramos que as candidaturas decorrem de 12 a 17 de Julho

Thursday, July 1, 2010

216.


manuel santos maia
non _ As Coisas Não São o Que Parecem Ser (no Planeamento da Cidade para Prazeres)


performance com | with Miguel Ramos
texto de | text by Pancho Guedes
Domingo | Sunday
17:30 - 04.07.10

Uma Certa Falta de Coerência
Rua dos Caldeireiros 77 -Porto
http://umacertafaltadecoerencia.blogspot.com
http://manuelsantosmaia.blogspot.com