Sunday, March 1, 2009

87.



a natureza em abismo | prólogo
um projecto de ana nobre > performance | instalação

Quinta-feira 5 de Março de 2009 > 18H
Rua Diário de Notícias, 59 > Bairro Alto, Lisboa



Segundo Francis Ponge e o seu objogo, as palavras são sinais singulares evocativos das coisas. De acordo com esta assersão, será através do jogo e da multiplicação interior dos seus sentidos que se poderá fazer com que dêem a ver algo da profundidade de todo o real sensível.

Também às imagens se pode aplicar este mesmo método.
As imagens, colocadas em abismo, objogadas, pelas relações criadas entre elas, e pelas relações que criam com o real captado, devem dar a ver as coisas. Representam-se ideias, para tentar chegar às coisas, à sua fisionomia interior, usa-se a alegoria.
O título do projecto declara de resto a intenção: nas imagens, é a mais efémera das coisas, a sombra, coisa transitória, e aqui exemplificada também pelo plano/pano negro, que ao ser fixada, dá a ver.

A Natureza é algo paradoxal. Sendo um processo contínuo, physis, é também aquilo que de mais efémero há.

A sombra, presença constante nestas imagens, exemplifica isso mesmo, o paradoxo, e talvez por isso ela possa ser aqui simultaneamente o que representa e o representado: o instante, neste caso, do acto fotográfico e a própria materialização da Natureza no seu todo.


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